O
pequeno lugarejo partilhado por Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, que via
passar os comboios há mais de cinquenta anos, transformou-se por via destes, a
meados dos anos vinte, do século passado.
Mais
propriamente em 1926, quando se constituiu em freguesia e aportou a Vila Nova.
O desenvolvimento ferroviário a que se assistia, e que levou a esta promoção,
teve a ver com a criação de oficinas ferroviárias, que consigo trouxeram gente.
Novos
bairros se construíram, e os tempos livres originaram diversos associativismos.
Neste,
e daquilo a que nos propomos aqui falar, tem lugar destacado o futebol.
Informações
abalizadas (O Entroncamento 24 Novembro 1947) citam, embora de forma ligeira,
que os primeiros a jogá-lo por aqui, terão sido o Sporting Clube do
Entroncamento. Onde o faziam não há notícia. Mas provavelmente em algum
terreiro, já que por aqui sempre se faria feira, ou no conforto do campo
militar, que já então tinham uma equipa de nomeada.
Eram
os do P.A.M. (Parque Automóvel Militar). Militares de qualidade, que se fizeram
notar nas redondezas, pelo seu vigor e capacidade. O seu aquartelamento
dispunha de um campo de futebol como se disse, e que inclusive era usado pelos
civis, como cita o jornal A Voz Republicana (28 Fevereiro), quando em 1930 dá
conta de um jogo beneficente entre solteiros e casados. Seria então aqui o
campo do Entroncamento. Primeiro, e único.
Mas
os primeiros clubes a sério, e que tem o seu nome gravado na história do futebol
distrital, são o União Foot-Ball do Entroncamento, criado em 1928, e logo
seguido, em Maio, pelo 11 Unidos Foot-Ball Club.
Foram
estes 2 clubes, os únicos então existentes na localidade, que promoveram o
futebol. A rivalidade, nem sempre sadia, foi contudo a mola que os fez
superarem-se. Ambos dispunham até de campo de jogo.
O
campo do União era, no início, o único que existia. Campo da Pinheira era o
nome oficial.
Ficava
na rua Sossi, perto das instalações actuais do pavilhão da UFE.
A
localização não deixa dúvidas, quando consultamos O Entroncamento, que em 6
Fevereiro 1949 diz, a propósito da equipa de juniores com que o UFE
concorre ao distrital, talvez numa tentativa de não deixar morrer a secção:
concorre ao distrital, talvez numa tentativa de não deixar morrer a secção:
“…
em prosseguimento do campeonato distrital de juniores, jogaram no velho campo
da rua Sossi – que foi teatro de pugnas célebres, e onde passaram alguns dos
melhores grupos nacionais…”
E
para melhor se situar o campo, fica a nova da reestruturação que o clube sofreu
em 1948, com a construção de um ringue de patinagem, em cuja inauguração esteve
presente a selecção nacional.
O
hóquei tornou-se a modalidade desportiva do União, e o seu ringue inaugurado
(ver O Entroncamento 5 Setembro 1948) com pompa e circunstância, transformou-se
no seu actual pavilhão.
Este
campo da Pinheira, que foi palco consagrado, serviu muitas vezes ao futebol dos
ferroviários. O Grupo Desportivo ainda não tinha sido fundado, mas o futebol já
fazia parte da vida dos ferroviários, que através da Empresa participavam numa
competição anual designada Taça CP. Barreiro, Lisboa e Porto, eram visitas
frequentes daquele campo.
Já
o Grupo Desportivo tinha sido fundado, e tal ocorreu em Maio de 1931, e era
este o campo que lhes servia de sala de visitas.
Recuemos
contudo ao tempo das rivalidades UFE/11 Unidos.
O
jornal O Entroncamento (e aqui houve 2 jornais com tal nome – se calhar até 3)
promoveu em 1931 um jogo beneficente que serviu de inauguração a um campo de
jogos. Seria o campo das Oliveiras, e que era nem mais nem menos que o campo do
11 Unidos.
A
notícia com data de 7 Junho de 1931 reza assim:
“A
União joga, e ganha ao 11 Unidos por 4 a 2, a favor do Sanatório dos Sargentos, e na
estreia do novo campo.”
Outro
jornal do Entroncamento, o Notícias, confirmará em 29 de Janeiro de 1933, que o
campo das Oliveiras era o campo dos Unidos.
O
campo, não terá existido por muito tempo, mas foi relevante na história dos
distritais.
Em
Janeiro de 1935, chega até a ser o palco da final do campeonato distrital.
Jogaram ali a União Operária de Santarém que viria a ser a campeã, com o União
do Entroncamento, a quem venceu por 2-1.
Por
alguns anos foram estes pioneiros campos que serviram ao futebol no
Entroncamento, e quando em 22 de Dezembro o Ferroviários se sagrava campeão
distrital (46/47) pela primeira vez, numa espécie de comemoração do primeiro
ano de elevação do Entroncamento a concelho (vila já o era desde 1932), era já o
“campo do Bairro Camões” que lhe servia de recinto.
Este
campo foi aquele que mais tempo serviu ao futebol do Entroncamento. Era o campo
dos Ferroviários, já que foi a CP que o construiu (1939) em terrenos que ali
possuía.
Nos
anos oitenta, já pertença da autarquia, era designado por campo de jogos
municipal. Acabou abandonado, sendo hoje uma ruína.
Entretanto
no Bonito, surge um complexo municipal relvado, que serve hoje o futebol de
formação, que por aqui resiste.
Nota
– a colectividade mais antiga é “O Parafuso”, nome porque é conhecido o Grupo
Recreativo 1º de Outubro de 1911, data da sua fundação. Desporto só o judo, e
já nos anos oitenta.
Jornais
A Voz Republicana…..…..… 1927/1931
O Entroncamento……...…... 1930/1931
Notícias do Entroncamento... 1933/1935
O Entroncamento……...….... 1946/1969
O Entroncamento………….... 1977/2005
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