Futebol Saudade

Desde que, há mais de 100 anos, se fez o primeiro campeonato de futebol em Portugal, que a "passerelle", que é a vida desportiva, viu desfilar milhares de clubes.
Uns ainda hoje existem, pujantes e vigorosos até, outros, embora perdendo protagonismo, ainda resistem. Mas muitos ficaram pelo caminho.
Passaram ao futsal, deixaram o desporto, ou fecharam mesmo as portas. É dos que partiram (e não só), que aqui vamos tentar deixar a memória.




quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Pico de futebol





Um dos mais antigos clubes portugueses, mora na Horta. Dá pelo nome de Fayal Sport Clube, e desde sempre o jogou. Nos anos 20 apareceram mais 2 clubes na cidade, e por muitos anos animaram a urbe.

Seguindo uma tendência, por certo, em 1930 decidem-se em estabelecer alguma organização nos seus jogos, e definir aquele que seria anualmente o campeão. Surge então a associação de futebol.

Na terceira edição do campeonato, surge um outsider. É uma equipa da ilha vizinha do Pico, que se integra no então distrito autónomo da Horta.

À altura, e estamos então em 1932, existiam já na ilha, vários clubes, e todos dispondo de recinto de jogo.
Nas Lajes existia o Clube Desportivo Lajense, ali fundado em 1924, na Madalena o União Sport Clube, e no cais do Pico eram dois.
O (Cais) do Pico Sport Clube, fundado em 15 de Agosto 1928 (A Horta Desportiva 15 AGO 1932, pg 4), e o Atlântida Sport Clube. Este, na altura trazia o campo em construção, que haveria de ser inaugurado mais tarde, a 2 de Outubro, com muito luzimento, como conta “A Horta Desportiva” (15 AGO, 17 SET, e 29 SET 1932).

O dinamismo próprio da circunstância, leva a associação distrital a convocar uma AG, para instituir uma taça no Pico, destinado aos clubes ali existentes. A condição é que estes se filassem, mas tal objectivo estava acima das possibilidades destes grupos, tendo em conta os custos da elaboração de estatutos e regulamento interno, a que havia que juntar os custos de inscrição na associação de futebol.

Por isso de que destes clubes, só o Pico SC se tenha abalançado à participação no campeonato, cabendo-lhe fazer os seus jogos sempre na ilha do Fayal. Era uma acentuada despesa, e foi isso que motivou que só participasse uma vez, com 3 equipas (1ªs, 2ªs e 3ªs).
Mas preparou-se convenientemente para a participação, recebendo em Março o Fayal, que foi ali jogar numa jornada de propaganda com muita gente, e virá posteriormente à Horta, fazendo a sua estreia fora da ilha, aproveitando para mostrar os seus equipamentos azuis. (A Horta Desportiva 3 e 12 MAR, e 7 ABR 1932). Rodeou-se de gente prestigiada, como o presidente da AG, que era também seu delegado junto da AF na Horta, e que era o delegado de saúde na Madalena.

Finda esta aventura, o futebol “desapareceu” da ilha, dado que não mais se ouviu falar destes clubes no futebol distrital. Terão sido os custos financeiros destas participações a ditar o afastamento, que fez com que o clube não repetisse a experiência, e por mais de 40 anos não houve futebol no Pico. Federado, pelo menos!

Nesses 40 anos que se seguiram, apenas por 2 vezes e de forma fugidia, haveria de aparecer uma equipa a intrometer-se neste campeonato a três. Primeiro foi o Flamengos, equipa da ilha do Faial, que em 1943/44 e seguinte, rejuvenescido por uma juventude ali instalada transitoriamente, trazida pela guerra, e depois em 1955/56 e ano seguinte, quando o Vitória do Pico também se “intrometeu”. Mas só o 25 de Abril haveria de democratizar o campeonato, fazendo aparecer mais participantes.

Daqueles do Pico, o Lajense havia de resistir estoicamente, chegando até aos nossos dias.


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